Os valores de referência do solo (VRS) são usados para avaliações preliminares da potencial toxicidade de contaminantes específicos presentes nos solos. A Agência Ambiental Portuguesa propôs VRS para metais e metalóides com base no uso potencial do solo, mas sem considerar o tipo de solo. Este trabalho tem como objetivo derivar VRS para o arsénio (As) usando um solo natural português, tendo por base o conhecimento de que as propriedades do solo podem influenciar a mobilidade e a biodisponibilidade de contaminantes. Para atingir este objetivo, um regossolo não contaminado foi recolhido e contaminado com uma gama de concentrações de As. Posteriormente, foi realizada uma bateria de testes ecotoxicológicos usando o solo contaminado e incluindo parâmetros microbianos, reprodução com invertebrados, ensaios crescimento e germinação de plantas, assim como ensaios com organismos aquáticos (para avaliação de elutriados do solo contaminado) seguindo protocolos padronizados (ISO e OCDE), de forma a determinar as concentrações que causam um efeito de X% nos organismos ou parâmetros testados (CE ou do Inglês ECx). Estes valores serão usados para estimar um VRS (por exemplo, PNEC - concentração para a qual não se prevê a ocorrência de efeitos no ecossistema ou HC5 - concentração de perigo (do inglês: Hazard Concentration) para 5% das espécies do ecossistema) usando curvas de distribuição da sensibilidade das espécies (do inglês: SSDs). Os resultados mostram que o As é muito tóxico para todos os organismos/parâmetros testados e, com base nos dados recolhidos, um HC 5 baseado em concentrações de efeito de 10% HC5 (EC10) de 2,80 mg kg-1 de solops foi proposto como VRS para regossolos.